Paraná está entre as regiões afetadas pelo corredor de fumaça que vem da Amazônia
O Paraná está entre as regiões afetadas por um corredor de fumaça proveniente das queimadas na Amazônia, que vem descendo pela América do Sul e chegou escurecer o céu de diversos municípios das regiões mais a Oeste, Norte e Noroeste do Estado. A relação entre a fumaça e a escuridão que tomou conta de alguns […]
O Paraná está entre as regiões afetadas por um corredor de fumaça proveniente das queimadas na Amazônia, que vem descendo pela América do Sul e chegou escurecer o céu de diversos municípios das regiões mais a Oeste, Norte e Noroeste do Estado. A relação entre a fumaça e a escuridão que tomou conta de alguns municípios é confirmada pela empresa MetSul Meteorologia. Procurado pelo jornal Bem Paraná, o diretor do instituto, Alexandre Aguiar, afirmou que o ar no Paraná, assim como São Paulo e outros estados, “está repleto de material particulado de fumaça de queimadas”.
O fenômeno da elevação dos níveis de partículas e de óxido de nitrogênio – um dos reflexos de queimadas comuns nesta época do ano —no entanto, não pode ser confirmado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). De acordo com a chefe do Setor de Qualidade do Ar do IAP, Dirlene Cavalcanti e Silva, duas estações de medição, que ficam justamente em Londrina e Maringá, estão com problemas técnicos desde a semana passada. O problema está supostamente ligado à falta de energia elétrica. “A gente tem algumas estações, duas delas em Maringá e Londrina, que estão fora do ar desde a última semana. A gente sabe que realmente há uma mudança, mais pelo que a gente viu na mídia, mas neste momento não tenho esses dados. O técnico está lá (em uma das estações que não funcionam). Parece que caiu a energia e a gente não tem como saber daqui. Identificamos isso (o problema nas estações) na quinta ou sexta-feira da semana passada e ele (o técnico) só conseguiu um carro hoje para ver o que aconteceu”, diz a chefe do Setor de Qualidade do Ar do IAP.
A população, entretanto, percebeu as condições atípicas no dia a dia. “Notei aqui em Campo Mourão e depois vi postagens em grupos de imagens do céu escuro. Era tarde e parecia noite”, conta Vanessa Dezidério dos Santos, moradora de Campo Mourão, no Noroeste. Onde não há “escuridão”, como nas regiões do Paraná onde não chove há mais de um mês, a qualidade do ar ficou ainda mais afetada, segundo a MetSul, que aponta que a maior proporção da névoa que atingiu o Norte do Paraná provém da Bolívia e do Paraguai.
O instituto diz que há dez dias tem registrado a ocorrência na região Sul de fumaça originada em focos concentrados de incêndio na Amazônia. O ponto mais crítico de queimadas em Rondônia, no Norte do estado, por exemplo, fica a cerca de 2,5 mil quilômetros de Londrina. Desde a semana passada um corredor de fumaça se estende do Norte do País, atingindo o Centro Oeste, o Sudeste e o Sul do Brasil, e países vizinhos como Argentina, Uruguai, Peru e Bolívia. O fenômeno neste ano foi mais intenso em razão da mistura de fumaça com a frente fria que atingiu os estados, incluindo o Paraná, e escureceu o céu na área.
Além do corredor de fumaça provocado por queimadas que vêm desde a Amazônia, no Paraná, o incêndio que já destruiu 62% do Parque Nacional de Ilha Grande, no Noroeste, também contribuiu para a queda na qualidade do ar. O incêndio já dura 13 dias consecutivos, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o local. Desde o dia 8 de agosto, o fogo já atingiu 47 mil dos 76 mil hectares do parque. Os focos de incêndio estão nas cidades de Altônia, São Jorge do Patrocínio e Alto Paraíso, no noroeste do Paraná.
Tempo seco e incêndios ilegais contribuem para problema
Em entrevista ao Portal UOL, o argentino Santiago Gasso, pesquisador da Nasa, a agência espacial norte-americana, conta que o fenômeno do “corredor de fumaça” não ocorreu nos últimos anos e depende de muitos fatores para se formar. “Incêndios sempre acontecem nesta época do ano. Mas o corredor da fumaça não se forma todos os anos por razões que incluem o número de incêndios e sua intensidade, o tipo de combustível, a umidade no solo e questões meteorológicas”, afirmou o especialista.
O tempo muito seco e o aumento de incêndios ilegais contribuem para o crescimento dos focos de incêndio na região amazônica, alimentando a formação do corredor. O Metsul aponta que o salto no número de queimadas neste ano também tem correlação direta com o clima.Segundo a MetSul, os ventos da Amazônia sopram de leste para oeste, entrando no continente pelo Nordeste do Brasil em direção aos Andes, onde encontram uma grande parede de montanhas de até 5.000 metros na cordilheira. A fumaça, que costuma concentrar-se entre 1.500 e 2.000 metros de altitude, não consegue ultrapassar esta barreira e desce em direção ao sul da América do Sul, passando po Peru, Bolívia, o Centro Oeste do Brasil e o Paraguai, chegando até o sul do Brasil. Com os fortes ventos e as queimadas na Bolívia e no Paraguai, a fumaça acabou atingindo o Paraná.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de pontos de queimada no País é o maior dos últimos sete anos, com 72,8 mil ocorrências. Mais de 38 mil focos de incêndio – 52% do total – se concentraram na Amazônia. O Paraná registrou 1683 queimadas, segundo o levantamento.
(BEM PARANÁ)