Por dia, Paraná registra 29 internações e duas mortes relacionadas ao uso de drogas
O que era para ser uma tarde de festa e diversão acabou em morte e luto. No último sábado uma estudante universitária de apenas 20 anos faleceu durante o Carnavibe, uma festa eletrônica realizada em um espaço no bairro Prado Velho, em Curitiba. A principal suspeita da Polícia Civil, que investiga a morte, é que […]
O que era para ser uma tarde de festa e diversão acabou em morte e luto. No último sábado uma estudante universitária de apenas 20 anos faleceu durante o Carnavibe, uma festa eletrônica realizada em um espaço no bairro Prado Velho, em Curitiba. A principal suspeita da Polícia Civil, que investiga a morte, é que a jovem teria usado alguma droga, provavelmente ecstasy, antes de sofrer uma parada cardíaca.
A causa da morte só será confirmada com a divulgação do laudo de necropsia, que está sendo preparado pelo Instituto Médico Legal (IML). De toda forma, vale o alerta: segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos anos o Paraná bateu recorde de mortes e internações relacionadas com o consumo de drogas.
Apenas em 2018, último ano com dados disponíveis com relação aos óbitos, foram 723 mortes relacionadas ao consumo de entorpecentes, o que dá a média de duas mortes por dia no estado. Já com relação às internações, foram 10.620 no mesmo ano, com 29 internações a cada dia, em média. Em ambos os casos, o número é um recorde para a série histórica do Ministério da Saúde, iniciada em 1979.
O levantamento, feito pelo Bem Paraná a partir dos dados disponibilizados pelo Datasus, considera as ocorrências de transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa, classificados no Código Internacional de Doenças (CID-10) entre os itens F10 e F19. Nessa lista estão inclusos os casos de intoxicação aguda, uso nocivo para a saúde, síndrome de dependência, síndrome de abstinência, sídrome de abstinência com delírio, transtorno psicótico, síndrome amnésica e transtorno psicótico residual ou de instalação tardia.
Com relação ao tipo de entorpecente que mais causa problemas, o álcool, uma droga legalizada, se destaca, sendo responsável por 51,29% das internações e 74,4% das mortes diretamente relacionadas ao consumo de drogas. Ano a ano, porém, as mortes relacionadas ao consumo de outras substâncias psicoativas avança.
O caso da cocaína é um exemplo, tendo registrado expressivo aumento de 166,7% em 2018 na comparação com o ano anterior, período no qual o número de óbitos saltou de nove para 24. Já as mortes relacionadas ao consumo de múltiplas drogas também tiveram avanço expressivo: em 2017 e 2018 foram 42 e 45 mortes, respectivamente, enquanto nos anos de 2015 e 2016 haviam sido 24 e 31 óbitos.
Problema avança principalmente entre os jovens
As estatísticas do Ministério da Saúde mostram ainda que os problemas relacionados ao consumo de drogas avançam principalmente entre a população mais jovem, com até 29 anos de idade. Com relação às internações, por exemlo, num em cada quatro atendimentos o paciente é alguém dentro dessa faixa etária – o porcentual foi de 27,34%, bem acima dos 24,09% registrados em 2014.
Já quanto aos óbitos, 4,01% das mortes provocadas diretamente pelo consumo de drogas tem como vítima alguém com até 29 anos de idade. Em 2018, seis jovens com idade entre 15 e 19 anos faleceram por conta disso, enquanto nos dois anos anteriores haviam sido dois óbitos nessa faixa etária. Já entre o publico com idade entre 20 e 29 anos o númeroi de mortes no mesmo período subiu de 18 para 23.
Polícia já investiga óbito de jovem em festa eletrônica
A Polícia Civil do Paraná abriu ontem um inquérito para apurar a causa da morte da estudante universitária Larissa Rodrigues de Campos, que faleceu durante uma festa de pré-Carnaval no Prado Velho, em Curitiba.
De acordo com a delegada Camila Cecconello, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), “existe uma grande possibilidade” de o consumo de droga ter tido uma participação decisiva na morte da jovem. Larissa, que estava acompanhada de um grupo de amigos, teria adquirido o entorpecente, na entrada da festa, com uma pessoa até então desconhecida dela.
“Temos de aguardar o laudo de necropsia, que irá dizer se a causa de morte foi ou não uma overdose. Estamos trabalhando com as testemunhas para tentar entender como os fatos aconteceram e aguardando então o laudo pericial para gente ter uma certeza, uma conclusão sobre esse fato”, explicou a delegada. “Existe uma grande possibilidade que tenha sido (de o consumo de droga ter sido decisivo para a morte).”
ESTATÍSTICA
Internações relacionadas ao uso de drogas – Paraná
2018 10.620
2017 10.421
2016 9.798
2015 9.831
2014 9.664
TOTAL 50.588
Mortes causadas pelo uso de drogas – Paraná
2018 723
2017 615
2016 679
2015 658
2014 667
TOTAL 3.342
Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), do Ministério da Saúde
Fonte: Bem Paraná