Indústria esboça reação e inaugura período de recontratações no Paraná

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a indústria foi uma das áreas mais impactadas no Paraná. Até junho de 2020, conforme dados do Caged, divulgado pelo Ministério da Economia, o setor fechou um total de 7.355 postos de trabalho no estado, saldo da diferença entre 114.943 admissões e 122.298 desligamentos. Após meses de […]

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Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a indústria foi uma das áreas mais impactadas no Paraná. Até junho de 2020, conforme dados do Caged, divulgado pelo Ministério da Economia, o setor fechou um total de 7.355 postos de trabalho no estado, saldo da diferença entre 114.943 admissões e 122.298 desligamentos. Após meses de retração, porém a atividade industrial enfim começa a dar sinais de retomada. E um dos sinais disso são as recontratações de funcionários.

Localizada em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba, a Relevo Guardanapos é um exemplo disso. Em abril, a empresa teve queda de 92% em seu faturamento, o que acarretou na demissão de quase 70% dos funcionários. Num dia, eram 72 colaboradores. No outro, restavam 22.

Após 40 dias totalmente fechada, a Relevo viu nas medidas de segurança para reabertura de restaurantes uma oportunidade para retomada de seus negócios. É que diante da pandemia, a recomendação das autoridades sanitárias tem sido de substituição dos guardanapos de pano pelos utensílios individuais descartáveis e embalados. O Distrito Federal, por exemplo, já previu a substituição do item como medida de segurança em seu decreto de reabertura de bares e restaurantes, em meados de julho.

“Em maio, pensamos que teria de voltar porque, se não voltasse, quebrava. Aí desenvolvemos produtos pensando nessa ideia da pandemia. Fizemos guardanapos maiores, mais adequados, quase um tecido, para que os nossos clientes não sentissem diferença [em relação ao guardanapo de pano]. Em maio começamos a retomar e em junho fomos atrás de entender esse mercado, que precisava de um descartável de boa qualidade”, conta Celso Rufatto, diretor da Relevo.

O resultado foi que nos meses seguintes a empresa começou a retomar as atividades em maior se escala. Se em abril sobreviveu com 8% do faturamento normal, em julho já alcançou 42% e a meta é ao final de agosto recuperar metade do montante. Dos 50 colaboradores demitidos, 10% já foi recontratado e a expectativa é até o final do mês recontratar outros 10%. “Porque agora, não é que seja fácil crescer, mas quando não se tem nada, qualquer coisa é muita coisa”, comenta ainda o empresário.

Bom para os dois lados
Uma das funcionárias recontratada recentemente pela Relevo foi Adelma Bueno, de 43 anos. Ela já tinha 13 anos de casa quando foi dispensada em 14 de abril. Para piorar, o marido, que trabalha com van escolar, também teve a fonte de renda duramente comprometida em função da pandemia de coronavírus.

“Foi difícil, não só por estar desempregada, mas pela dificuldade que seria para me colocar novamente no mercado de trabalho, depois de tanto tempo na mesma área. Eu já estava começando a mandar currículo, conversando com amigos em busca de indicação quando recebi uma ligação do RH da empresa. Foi uma surpresa, não imaginei que fosse tão rápido. Estou muito feliz, até porque sabemos que o pensamento é a empresa ir recontratando os funcionários”, comenta ela.

Celso Rufatto, diretor da Relevo, comenta ainda que a ideia da empresa é recontratar praticamente todos os colaboradores que foram dispensados em função da crise do coronavírus. “Dos 70% de colaboradores que saíram, uns 60% dá para gente recuperar”, diz ele, explicando que tanto a empresa como o funcionário acabam ganhando nessa. “A maioria dos nosso funcionários está aqui há bastante tempo. Com a demanda aumentando, precisamos atender rápido o cliente e um colaborador, para ficar bom, leva dois, três anos.”

‘Quer pegar, mas nunca se encaixa no crédito’
Com 36 anos de mercado, a paranaense Relevo é hoje uma marca que atende o mercado nacional, com especial destaque para o mercado de São Paulo, uma vez que sua atuação é muito voltada para o mercado de eventos, gastronomia e turismo. Em todo o país, são mais de 4 mil clientes adquirindo as linhas de toalha de lavabo, guardanapos de alto relevo e coloridos.

Mesmo com a longa e reconhecida trajetória, porém, Celso Rufatto revela que não teve praticamente nenhum apoio por parte do Poder Público, bem como não conseguiu obter nenhuma linha de crédito. “Você quer pegar, mas nunca se encaixa no crédito. Nem eu e nem todas as empresas que conheço. Uma empresa há 36 anos no mercado em uma solidez, uim produto para deixar de garantia. Mas não funciona. É só 10, 15% [das empresas] que consegue [acessar o crédito”, lamenta.

Fonte: Bem Paraná

(Foto: Franklin de Freitas)

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