O governo do Paraná vai anunciar novas medidas de restrição para as regiões do Paraná que mais sofrem devido ao avanço da pandemia de Covid-19 nesta terça (30). O decreto ainda está sendo feito pela equipe do governo, mas vai começar a valer já na quarta (1). Segundo fontes consultadas pelo Bem Paraná, as novas medidas restritivas, que “se aproximam do lockdown” são para as macrorregiões Leste e Oeste do Estado, que englobam Curitiba e Região, Campos Gerais e a Região Oeste do Paraná. A movimentação do governo coincide com a pressão do Ministério Público do Paraná (MPPR), que entrou com ação pedindo lockdown e revisão da flexibilização no comércio. Segundo o governo, as medidas estão sendo discutidas em diversas instâncias do Executivo e serão apresentadas aos demais poderes do Estado, tanto que o governador Carlos Massa Ratinho Junior já marcou uma reunião online às 9h30 desta terça (30) com o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira, o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano, o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Nestor Baptista e o procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia.
As duas macrorregiões são as que registram os maiores índices de ocupação de leitos de UTI e enfermarias tanto nos leitos exclusivos para Covid-19, quanto nos leitos gerais para o SUS. Além da sobrecarga visível no hospitais, a preocupação das autoridades de saúde do Estado é que a curva do novo coronavírus não dá sinais de redução e os índices de isolamento também não melhoraram com as últimas medidas de restrição. Oficialmente, o governo do Estado confirma que as medidas devem serão anunciadas nesta terça, mas nega o lockdown para todo o Estado. As macrorregionais Leste e Oeste estão com taxa de ocupação de 77% para leitos SUS para Covid-19, de acordo com boletim desta segunda (29). Somente na Região Metropolitana de Curitiba, há cinco hospitais sem vagas em UTI para pacientes de Covid 19 e um sem vagas na enfermaria.
Entre as medidas já dadas como certas no novo decreto, estão o fechamento das igrejas, shoppings e de praticamente tudo nos fins de semana e toque de recolher às 22 horas. Até o fechamento da matéria, ainda não havia definição sobre os horários do comércio.
De acordo com fontes consultadas pela reportagem do Bem Paraná, o reforço das restrições também daria tempo para o governo e as prefeituras ativarem mais leitos para a demanda causada pela pandemia. Em Curitiba, por exemplo, a Prefeitura de Curitiba corre contra o tempo para contratar equipe de médicos e enfermeiras para colocar em funcionamento o Instituto de Medicina e Cirurgia, no Alto da XV, que será reaberto em meados de julho com 110 leitos, sendo 50 de UTI e 60 clínicos (para casos menos graves).
Governo tem 72 horas para responder ação do MPPR
O juiz substituto da 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, Eduardo Lourenço Bana, concedeu três dias de prazo para o governo do Paraná, réu no processo, se manifestar sobre a petição protocolada nesta segunda (29) pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) pedindo a invalidação dos decretos que autorizaram o funcionamento das atividades comerciais não essenciais durante o periodo de emergência por conta da pandemia de Covid-19. A ação ainda pede que, em função do agravamento do quadro de contaminação e do número de mortes decorrentes da Covid-19, o Estado do Paraná adote medidas restritivas compatíveis com a gravidade do atual cenário, entre elas o lockdown, sobretudo nas regiões que apresentam quadros mais preocupantes, como Curitiba, Litoral, Campos Gerais e municípios da Região Oeste do Paraná.
Números atualizados da pandemia no Estado
A Secretaria de Estado da Saúde divulgou nesta segunda-feira (29) 573 novas confirmações e mais 14 mortes pela infecção causada pelo novo coronavírus. O Paraná soma 21.089 casos e 600 mortos em decorrência da doença. No boletim de hoje há dois ajustes de municípios de residência em casos já confirmados. De acordo com o informe desta segunda, 820 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 estão internados – 665 ocupam leitos SUS (239 em UTI e 426 em leitos clínicos/enfermaria) e 155 em leitos da rede particular (58 em UTI e 97 em leitos clínicos/enfermaria). Há outros 755 pacientes internados, 393 em leitos UTI e 362 em enfermaria, que aguardam resultados de exames. Eles estão em leitos das redes pública e particular e são considerados casos suspeitos de infecção pelo vírus Sars-CoV-2.