O surto de conjuntivite em Cianorte, acabou com os estoques de colírios de farmácias públicas e particulares. Segundo o último balanço, divulgado na tarde desta quinta-feira (22), 647 pessoas foram diagnosticadas com a doença desde 12 de março.
Dependendo do tipo de conjuntivite, os médicos receitam até dois colírios: um lubrificante e outro antibiótico ou anti-inflamatório. Na rede pública da cidade, não há mais o medicamento.
Luana Morelli, chefe da Divisão de Assistência Farmacêutica da cidade explicou que a compra de medicamentos é baseada no histórico de consumo.
“Nesses meses, nos anos de 2016 e 2017, o consumo foi em torno de 50 a 60 frascos por mês. Só agora, entre fevereiro e março, a gente consumiu mais de 200 frascos por conta deste surto”, explicou.
Em uma das farmácias particulares de Cianorte, em menos de dez dias, o estoque também acabou. Eles conseguiram repor só o colírio antibiótico.
Em outra farmácia ainda é possível encontrar o remédio, mas, para não acabar, os pedidos estão sendo feitos diariamente.
Surto
Só no último fim de semana, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) fez mais de 150 atendimentos a pessoas com a doença. Por isso, que as secretarias estadual e municipal de Saúde afirmaram que a cidade está passando por um surto da doença.
Para fazer um controle maior da doença, a Secretaria de Saúde do município está fazendo um mapeamento os casos. A Zona 4 é onde tem mais pessoas com conjuntivite. Os bairros mais preocupantes são o Aquiles Comar e o Morada do Sol, conforme a secretaria.
Transmissão
O vírus pode ficar até 4 dias encubado, ou seja, a pessoa está com a doença, não tem sintomas, mas pode transmitir.
A oftalmologista Barbara Daloria diz que a melhor forma de prevenir a doença é lavar bem as mãos.
“A prevenção da conjuntivite é lavar bem as mãos e não colocar as mãos nos olhos. É a única forma de não pegar”, detalha.
A auxiliar de produção Lenis Rocha levou a filha até a UPA na quarta-feira (21) por causa da doença. Nesta quinta-feira, a paciente era ela.
“Ela [a filha] acho que pegou na escola. Eu não sei se peguei dela, ou se peguei aqui”, disse.
O que diz a prefeitura
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Cianorte disse que os agentes comunitários de saúde, que visitam os bairros diariamente, já começaram a passar orientações sobre conjuntivite para a população.
Além disso, as escolas e creches intensificaram as orientações de higiene para as crianças.
E, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, novas doses de colírios foram encomendadas e devem ser entregues na semana que vem.
Como diferenciar uma alergia nos olhos de uma conjuntivite?
Segundo o oftalmologista Emerson Castro e o alergista e imunologista Herberto José Chong Neto, a grande diferença entre conjuntivite infecciosa e alérgica é a coceira.
Enquanto a coceira é o maior sintoma da alérgica, na conjuntivite infecciosa ela não é tão presente. A conjuntivite alérgica sempre se manifesta em pessoas que já apresentam algum tipo de alergia, como respiratória. A conjuntivite infecciosa é contagiosa e pode durar até três semanas.
Como diferenciar os tipos de conjuntivite?
A bacteriana tem uma duração mais curta se for tratada corretamente. Os olhos ficam vermelhos e é bem comum sentir os olhos “purgando”, acordar com os cílios grudados e pegajosos.
A transmissão se dá pelo contato manual e contaminação de objetos e o tratamento é feito com uso de colírios com antibióticos específicos.
A conjuntivite viral dura em média sete dias, mas pode chegar até 15 ou mais, dependendo do caso. Ela é altamente contagiosa, causa fotofobia e sensação intensa de corpo estranho. Dependendo do vírus pode apresentar sintomas semelhantes aos da gripe.
A conjuntivite alérgica tem como principal sintoma a coceira. A coceira é intensa e recomenda-se evitar coçar os olhos, pois o atrito pode causar traumas e até levar a deficiência da visão.
Fonte: G1