Em tempos de crise sem fim, encontrar uma vaga de emprego está se tornando uma tarefa hercúlea para grande parte da população paranaense. E tal dificuldade se evidencia em dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os quais revelam que, no Paraná, 40,87% da população em idade para trabalhar está fora do mercado de trabalho, com o número de desalentados (pessoas que já desistiram de encontrar uma colocação) tendo batido recorde no estado.
Segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), com dados referentes ao segundo trimestre de 2019, o Paraná conta atualmente com 9,35 milhões de pessoas aptas a atuar no mercado de trabalho. Destas, no entanto, apenas 5,53 milhões (59,13% do total) estão efetivamente ocupadas.
Dentro deste contingente, contudo, há 322 mil pessoas subocupadas por insuficiêndia de horas trabalhadas, ou seja, pessoas que trabalharam menos de 40 horas na semana de referência e gostariam e estariam disponíveis para trabalhar mais horas. É o maior valor registrado para o Paraná desde o segundo trimestre de 2012, quando 327 mil trabalhadores se encontravam nessa condição de subocupação.
Chegamos, então, àqueles que estão fora do mercado de trabalho. E o primeiro número que salta aos olhos é o de desocupados: 545 mil pessoas, o que resulta numa taxa de desocupação de 9,0% (leve aumento na comparação com o trimestre passado, quando a taxa era de 8,9%). Segundo o IBGE, são classificadas como desocupadas as pessoas sem trabalho, mas que estavam disponíveis para assumir um emprego e tomaram alguma providência efetiva para conseguir uma colocação no período de referência de 30 dias.
Já a população considerada fora da força de trabalho (que não estava ocupada nem desocupada na semana de referência) soma 3,28 milhões de pessoas (35% do total), das quais 271 mil fazem parte da força de trabalho potencial, ou seja, possuíam potencial para se transformar em força de trabalho. Este contingente é formado por dois grupos: pessoas que realizaram busca efetiva por trabalho, mas não se encontravam disponíveis para trabalhar na semana de referência; e pessoas que não realizaram busca efetiva por trabalho, mas gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar na semana de referência.
O dado mais alarmante, porém, diz respeito aos desalentados, aquelas pessoas que já até desistiram de procurar emprego. No Paraná, são 114 mil pessoas nessa situação, o maior valor para a série histórica da Pnad Contínua, iniciada no 1º trimestre de 2012. Naquela ocasião, os desalentados somavam 54 mil pessoas. Isso significa que em sete anos o número de desalentados cresceu 111%.
Estado registra uma das maiores quedas no rendimento médio
Outra má notícia aos paranaenses trazida pelo IBGE é que o rendimento médio dos trabalhadores recuou significativamente no mesmo: queda de 4,3% na passagem do primeiro para o segundo trimestre do ano. Apenas o Distrito Federal teve um recuo mais expressivo, de 4,7% (para R$ 3,945).[
Na média nacional, o rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimado em R$ 2.290, uma queda em relação ao trimestre imediatamente anterior (quando estava em R$ 2.321) e também em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (quando foi de R$ 2.295).
Em relação ao segundo trimestre de 2018, não houve variação estatisticamente significativa do rendimento médio real em nenhuma unidade da federação, afirmou o IBGE.
Carteiras assinadas são o destaque positivo para o Paraná
Entre tantas notícias ruins, ao menos uma boa nova aos paranaenses: o estado tem o 3º maior número de pessoas no setor privado com carteira de trabalho assinada no País, com 81,4%. Apenas Santa Catarina (87,6%) e Rio Grande do Sul (83,3%) ficam na frente. Na outra ponta, Maranhão (50,3%), Piauí (52,0%) e Pará (52,7%) apresentam os menores porcentuais de empregados com carteira assinada no setor privado.
Tendo em vista tais resultados, temos ainda que a proporção de empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 25,7% em todo o país. As unidades da federação com os maiores percentuais foram Maranhão (49,7%), Piauí (48,0%) e Pará (47,3%), e as menores taxas estavam em Santa Catarina (12,4%), Rio Grande do Sul (16,7%) e Paraná (18,6%), naturalmente.
(BEM PARANÁ)